A Ucrânia acusou a Rússia neste domingo de ter realizado uma operação de bandeira falsa para interromper as negociações para um cessar-fogo, ao referir-se aos desabamentos de duas pontes nas regiões fronteiriças russas de Bryansk e Kursk na noite passada, que deixaram sete mortos e dezenas de feridos e pelos quais as autoridades de Moscou culparam Kiev.
Em uma mensagem no Telegram, o chefe do Centro de Combate à Desinformação do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Andry Kovalenko, afirmou que “esta não é a primeira vez que a Rússia recorre a ataques de bandeira falsa” e que “parece que o Kremlin está preparando o terreno para uma ruptura das conversas com um ataque à imagem da Ucrânia no âmbito da mídia internacional”.
“Mais uma vez, há a tentação de nos apresentar como um ‘país terrorista’ para evitar o diálogo e continuar a ofensiva de verão que já começou nas regiões de Sumy e Zaporizhzhya e continua no leste”, acrescentou.
Além disso, enfatizou que “esses eventos ocorrem dois dias antes das negociações de cessar-fogo em Istambul”, enquanto “Moscou não apresentou um único memorando com propostas e está enviando para lá uma delegação sem autoridade”.
Kovalenko afirmou ainda que “a Ucrânia não tem motivos para perturbar a cúpula de Istambul” e que, pelo contrário, Kiev “concordou com um cessar-fogo há muito tempo”.
“Portanto, uma guerra ferroviária ao estilo da Segunda Guerra Mundial é um argumento para a propaganda russa, não um instrumento da nossa política”, destacou.
O chefe do Centro de Combate à Desinformação lembrou que, à noite, uma ponte desabou na região de Bryansk durante a passagem de um trem de passageiros que viajava de Klimovo para Moscou, causando sete mortes.
A causa oficial citada pelas autoridades russas foi “uma interferência ilegal nas atividades de transporte”, enquanto que, quase simultaneamente, outra ponte desabou na região de Kursk, onde a locomotiva de um trem de carga descarrilou.
Kovalenko recordou que, em 1999, os ataques terroristas de Ryazan, que o Kremlin atribuiu aos separatistas chechenos, se tornaram uma plataforma de promoção para o presidente russo, Vladimir Putin.
“Provavelmente estamos retornando às velhas táticas, desta vez não para mobilização interna, mas para manipulação internacional”, finalizou.
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