briga de egos ou conflito de escala mundial?

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No programa Última Análise desta quinta-feira (05), os convidados analisaram a briga entre dois dos maiores “egos” da política mundial: Donald Trump e Elon Musk. Os ex-aliados partiram para a troca de acusações públicas no X e o conflito escalou. Para além de motivações pessoais, a discussão pode se aproximar de uma crise ainda maior, que envolve China, carros elétricos e a sombria Lista de Epstein como ingredientes.

O comentarista Daniel Vargas explica que a briga entre Musk e Trump traz como pano de fundo a trajetória do bilionário no governo. Ele entrou na administração com uma proposta de corte de gastos, porém Trump, recentemente, aprovou uma lei de aumento. “E isso deve neutralizar a contribuição de Musk”, afirma.

Ainda, os carros elétricos, que o bilionário sul-africano alardeia como uma de suas inovações, não é tão bem vista pelo presidente americano, que deve cortar subsídios na área. “Musk colocou na ponta do lápis o que ganhava e o que perdia e, aparentemente, se desapontou com o governo”, conclui Vargas.

Mais rico contra o mais poderoso

“É o homem mais rico do mundo contra o homem mais poderoso do mundo. É uma briga de titãs.” Assim define o embate o escritor Francisco Escorsim. Ele chama de “infantilidade” a troca de farpas pelo X e diz que a publicidade pelas redes sociais agravou o conflito: “Eles têm que se posicionar virtualmente de uma maneira que presencialmente não fariam”, avalia.

“Musk não está preparado para o jogo geopolítico para o qual Trump de alguma maneira se preparou”, diz o comentarista. O bilionário entrou no governo acreditando que estava combatendo a elite que Trump criticava, mas não percebeu que ele próprio fazia parte dela.

Acusações envolvendo Epstein

A primeira acusação na briga entre Musk e Trump sugere que o presidente americano não divulgou os nomes da Lista de Epstein conforme havia prometido em campanha porque ele próprio seria um deles. O documento se refere às personalidades envolvidas nos crimes sexuais do financista Jeffrey Epstein, que foi detido e encontrado morto na prisão em 2019.

Escorsim diz que estranha que essa informação não tenha sido usada contra Trump anteriormente, pois ele já teve inimigos com “muito mais condições de derrubá-lo por essa lista”. Ainda, ele avalia que a relação do presidente americano com Epstein não era segredo, havendo inclusive registros e entrevistas a respeito.

“A maneira como o Elon solta essa informação transmite a sensação de que ele é uma pessoa temperamental e até radioativa”, critica Vargas. Já o presidente Trump, nesta briga com Musk, permanece como a figura que representa a esperança americana do país de se reerguer, avalia o comentarista.

Os impactos econômicos da discussão

Dentre suas acusações, Musk também alertou que os EUA poderão sofrer uma recessão econômica no segundo semestre, especialmente diante do tarifaço de Trump, que o bilionário publicamente criticou.

Vargas afirma que a “hecatombe tarifária” imposta pelo governo americano, de fato, trouxe insegurança aos investidores. “E o dólar, historicamente um porto seguro, tem perdido valor em relação a outras moedas como o euro e o iene japonês”, complementa.

Em relação às empresas de Musk, o vereador Guilherme Kilter destaca a dependência do governo americano: “A Tesla não é a única empresa do Musk. Ele tem outras, como a SpaceX, da qual os Estados Unidos se tornou extremamente dependente. Hoje ela tem um programa mais evoluído do que a própria NASA”, avalia.

Outro grande ator que poderá fazer a diferença nesta briga é a China, onde Musk tem muitos investimentos. “O seu processo de inovação acontece sob o manto da política industrial chinesa. Isso certamente suscitará desconfianças, não só de Trump, mas de toda a elite política norte-americana”, lembra Vargas. Ele ainda destaca que há um consenso, entre democratas e republicanos, de que o país chinês é uma ameaça existencial, e portanto deve ser isolado.

O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a quinta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.

Fonte Gazeta do Povo

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