Azul pede recuperação judicial nos Estados Unidos

Finanças

A companhia aérea azul anunciou na manhã desta quarta-feira (28) que entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, sob o mecanismo conhecido como Chapter 11 da Lei de Falências americana. Segundo a empresa, suas operações, incluindo voos e vendas de bilhetes, seguirão normalmente. A companhia garante que não haverá alterações para os passageiros. O programa de fidelidade também permanece inalterado.

O objetivo da Azul é sanear suas finanças e garantir fôlego para o futuro. Segundo o Valor, já era uma decisão esperada pelo mercado e representa uma busca por maior sustentabilidade financeira e operacional após passar por momentos turbulentos.

A recuperação judicial nos EUA é um processo similar ao brasileiro que permite a empresas em dificuldades financeiras suspender a execução de dívidas e propor um plano de reestruturação. A Azul ressalta que a entrada no Chapter 11 é um processo voluntário que tem por objetivo otimizar a estrutura de capital.

Azul busca redução de dívidas e novo financiamento

Segundo a companhia, o processo prevê a eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas. Além disso, a reestruturação já começa com um compromisso de aproximadamente US$ 1,6 bilhão em financiamento, garantido por investidores. Esse recurso será fundamental para assegurar liquidez durante o processo.

Ao final da reestruturação, a Azul projeta receber até US$ 950 milhões em novos aportes de capital. Parte significativa desses investimentos poderá ser convertida em ações, o que, na visão da empresa, deve acelerar a conclusão do processo.

Os documentos apresentados à Justiça americana contemplam, inclusive, um possível investimento adicional de até US$ 300 milhões por parte de parceiros estratégicos, sujeito a determinadas condições.

Azul tem situação financeira desafiadora

A Azul era a única entre as principais companhias aéreas de grande porte no Brasil a não ter recorrido a uma reestruturação na Corte americana após os severos impactos da pandemia no setor. A dívida líquida no primeiro trimestre de 2025 atingiu R$ 31,35 bilhões, 50,3% a mais do que no mesmo período do ano anterior.

A crise na companhia se intensificou nas semanas que antecederam o pedido. Anteriormente, a empresa havia optado por tentar resolver suas questões financeiras fora de um processo formal de reestruturação, investindo em negociações diretas com credores.

O primeiro trimestre de 2025 foi particularmente desafiador, marcado pela falta de aeronaves e motores, o que impactou negativamente os números da companhia. A queima de caixa também aumentou, segundo o Valor. Houve uma queda de 51% em relação ao mesmo período de 2024, atingindo R$ 655 milhões no final do primeiro trimestre.

Além dos desafios financeiros, a Azul, assim como outras companhias aéreas globalmente, enfrenta a escassez de aviões e peças para manutenção, especialmente motores.

Frota deve diminuir

A empresa também projeta uma otimização significativa de sua frota de aeronaves. O plano prevê uma redução de 35% no número de aviões. A expectativa é que a companhia saia do processo de recuperação judicial nos EUA com 170 aeronaves, em contraste com as 201 previstas em seu planejamento anterior. Para 2026, a projeção é ter 172 aeronaves, um número inferior às 218 projetadas anteriormente.

A otimização de frota é esperada para trazer benefícios como melhor adequação dos contratos de leasing, otimização de investimentos, redução de custos de manutenção e menor exposição à variação cambial. Apesar de esperado, o pedido de recuperação judicial teve uma reação inicial negativa no mercado financeiro. Em Nova York, antes mesmo da abertura do mercado formal, os ADRs (recibos de depósito das ações da companhia listadas no Brasil) da Azul chegaram a registrar uma queda de 30%, cotados a US$ 0,35

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