O governo da Argentina ratificou na segunda-feira (26), durante a visita oficial a Buenos Aires do secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., a decisão de deixar a Organização Mundial da Saúde (OMS).
RFK Jr. foi recebido pelo ministro da Saúde da Argentina, Mario Lugones, que disse em uma mensagem nas redes sociais que os dois definiram uma “agenda de trabalho comum”.
“Acreditamos no futuro da colaboração em saúde global. Temos visões semelhantes sobre a direção a seguir, por isso vamos aprofundar o trabalho entre os dois países”, afirmou Lugones.
Após a reunião, o Ministério da Saúde da Argentina anunciou em um comunicado uma “série de medidas que reafirmam o rumo da saúde adotado pelo país sul-americano” e que são adotadas no âmbito da visita oficial do secretário americano.
Entre essas medidas está a ratificação da decisão da Argentina – anunciada em fevereiro – de sair da OMS, da qual fazia parte desde a fundação, em 1948.
“Hoje, as evidências indicam que as prescrições da OMS não funcionam porque não se baseiam na ciência, mas em interesses políticos e estruturas burocráticas que relutam em rever seus próprios erros. Longe de corrigir o rumo, a OMS optou por ampliar competências que não lhe correspondem e condicionar a soberania sanitária dos países”, disse o Ministério da Saúde argentino.
O governo do presidente Javier Milei argumentou que, “diante disso, é urgente que a comunidade internacional repense o significado das organizações supranacionais”.
“Se elas são financiadas por todos, devem prestar contas, cumprir os propósitos para os quais foram criadas, e não se tornar plataformas de imposição política sobre os estados-membros”, acrescenta o texto.
Milei anunciou em fevereiro a intenção de retirar a Argentina da OMS, apenas duas semanas depois de o presidente dos EUA, Donald Trump, assinar uma ordem executiva para também retirar seu país do mesmo órgão.
Após a reunião com RFK Jr., Lugones anunciou que a Argentina “se concentrará nos processos de fabricação, aprovação e supervisão de vacinas, com o objetivo de garantir que as decisões de saúde sejam baseadas em evidências públicas, verificáveis e com controles eficazes”.
“Revisar não é negar: é exigir mais evidências, não menos”, destacou o governo argentino.
O Ministério da Saúde também anunciou que uma revisão estrutural do sistema nacional de saúde será aprofundada e que buscará restringir o uso de aditivos sintéticos potencialmente arriscados em produtos alimentícios.
Além disso, o uso de autorizações rápidas para medicamentos de alto custo, especialmente aqueles para crianças e doenças raras, será revisado.