Apoiadores do ex-presidente esquerdista da Bolívia Evo Morales se reuniram em um protesto em La Paz na terça-feira (27) e tentaram registrar à força, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a candidatura dele à presidência, apesar de estar inabilitado e de o prazo para o registro já ter encerrado.
Diferentes delegações de manifestantes percorreram o centro da cidade pelo segundo dia consecutivo para exigir o registro de Morales como candidato.
“Não somos poucos, somos a maioria com nosso candidato, e eles (dirigentes do TSE) têm que respeitar a democracia, essa luta é em defesa da economia e da democracia”, disse Juanita Ancieta, líder camponesa e apoiadora de Morales, citada pela Agência EFE.
Ela também declarou que, se o TSE não aceitar a candidatura de Morales, “o país inteiro vai se revoltar” e isso será de “inteira responsabilidade” do governo do presidente Luis Arce.
Ruth Nina, líder do Partido da Ação Nacional Boliviana (Pan-Bol), bloco com o qual Morales pretende disputar a presidência nas eleições de agosto, chegou ao TSE para exigir a habilitação de um sistema para inscrever o ex-presidente e outros candidatos, apesar de o partido ter perdido sua personalidade jurídica.
Nina justificou seu pedido com base em uma decisão de uma Câmara Constitucional Departamental em La Paz, que ordenou que o TSE emitisse outra resolução justificada sobre o cancelamento do Pan-Bol, embora essa decisão judicial não indique que o ex-presidente possa se registrar como candidato.
Um grupo de mulheres apoiadoras de Morales anunciou que iniciaria uma greve de fome perto dos escritórios do órgão eleitoral, e outras pessoas disseram que permaneceriam em vigília “até que Evo Morales fosse registrado” como candidato.
O Pan-Bol perdeu a personalidade jurídica, de acordo com a Constituição boliviana, porque não alcançou 3% dos votos nas últimas eleições.
O esquerdista Evo Morales escolheu o partido de última hora para concorrer na eleição, após ter sido expulso do partido Movimento ao Socialismo (MAS), do presidente Luis Arce, que foi seu afilhado político, mas com quem rompeu relações.
Morales busca um quarto mandato presidencial, apesar de o Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP) ter decidido que uma pessoa só pode se reeleger como presidente de forma contínua uma vez. Assim, a decisão inabilita o ex-presidente.